terça-feira, 31 de maio de 2011

Regressão épica: um exemplo

O narrador começa com o tema da história, a ira de Aquiles, e, resumidamente, recua até o instante inicial que a gerou; a partir daí, conta a sua história para frente:


A cólera canta, deusa, do Pelida Aquiles,                             E
a nefasta, que aos aqueus milhares de aflições impôs,
muitas almas altivas para Hades remessou,
de heróis, e deles mesmos fez presas para cães,
para aves, banquete (e completava-se o desígnio de Zeus),
sim, desde que, primeiro, brigaram e romperam                  D
o Atrida, senhor de varões, e o divino Aquiles.
Pois que deus lançou-os na briga para pelejarem?                C
O filho de Leto e Zeus; ele, com raiva do rei,
doença no exército instigou, nociva, e perecia a tropa
porque a Crises, o sacerdote, desonrou                                B
o Atrida. Ele veio às velozes naus dos aqueus                       A
para libertar a filha trazendo resgate sem fim,
tendo nas mãos a grinalda de Apolo lança-de-longe
no alto do cetro dourado, e suplicou a todos os aqueus,
sobretudo aos dois Atridas, ordenadores de tropas:
"Atridas e demais aqueus belas-grevas...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Píndaro: epinícios

Os versos iniciais de alguns epinícios pindáricos (se é que todos foram percebidos como epinícios na sua 1a performance):

Pítica 1:
Doirada lira, de Apolo e das cachos-violeta
Musas legítima posse comum: a ela ouve
o passo, início do júbilo,
e obedecem os cantores às notas
quando de proêmios guia-coro
acordes iniciais produzes, brandindo.

Pítica 2:
Ó megalópole, Siracusa, templo
de Ares fundo-na-guerra, nutriz divina
de varões e cavalos prazer-no-ferro,
para vós da reluzente Tebas levando esta
música venho, mensagem da quadriga sacode-a-terra,
na qual dominou Ierão vitorioso-no-carro
e coroou Ortígia com coroas longe-brilhante,
sede de Ártemis fluvial: não sem ela
aquelas jovens éguas rédea-variegada
com mãos suaves domaste.

Pítica 3:
Gostaria que Quirão, filho de Filira –
se carece nossa língua essa
palavra proclamar, comum –,
estivesse vivo, ele que já partiu,
broto de Crono amplo-domínio, filho de Urano,
e que, nos vales, regesse o Pélion a fera agreste
com espírito amigo de varões; como tal, um dia criou
o artífice de cura
fortifica-membro, gentil Asclépio,
herói defensor contra doença de todo o tipo.

Pítica 6
Ouvi: sim, o campo de Afrodite I
olhar-luzente ou das Graças
de novo aramos no retumbante umbigo
da terra após chegar no templo:
pelo pítica vitória, lá aos afortunados Emenidas,
à ribeirinha Ácragas e, sim, à Xenócrates
pronto tesouro de hinos no muito-ouro,
apolíneo vale foi erigido

Olímpica 2
Hinos regentes da lira,
que deus, que herói, que homem cantaremos?
Quanto a Pisa, é de Zeus. As Olimpíadas
Héracles fundou,
primícias da guerra.
E Terão, devido à quadriga traz-vitória,
deve-se proclamar, justo no respeito a estrangeiros,
bastião de Ácragas,
suprassumo apruma-urbe de ancestrais de bom nome.

Olímpica 3
Que aos hospitaleiros Tindaridas agrade
e à Helena de bela-coma,
isso rezo, a gloriosa Ácragas honrando,
ao erguer hino a Terão pela olímpica
vitória, suprassumo vindo de cavalos
com pés infatigáveis. Por isso a Musa, sim, junto a
mim esteve ao achar um modo lustre-novo
de na dórica sandália encaixar a voz

Ístmica 1
Minha mãe, Tebas escudo-doirado, o teu
interesse acima da falta de tempo
porei. Que comigo não se indigne a rochosa
Delos, à qual me lancei.
O que é mais caro aos bons que pais devotados?
Cede, Apolônia: com deuses
atrelarei a realização de duas graças,

Ístmica 2
Esses varões de antanho,
Trasíbulo, que no carro
das Musas diadema-doirado entravam
cooperando com a lira gloriosa,
rápido disparavam cantos melífluos nos jovens,
quando um, sendo belo, tinha a prazerosa
madureza que evoca Afrodite de bom trono.

Nemeia 1
Exalação venerável do Alfeu,
broto da venerável Siracusa, Ortígia,
leito de Ártemis,
irmã de Delos, de ti o canto
palavra-doce se lança para instaurar
grande elogio
aos cavalos pé-de-vento em benefício do Zeus do Etna;
e o carro de Crômio e os Nemeios me impelem,
a atrelar, para feitos porta-vitória, música encomiástica.

Nemeia 3
Ó senhora Musa, mãe nossa, suplico-te:
no sacro mês Nemeio à de muitos hóspedes
vem, à ilha dória de Egina; pois junto à água
do Asopis aguardam os jovens artífices
de cortejos melífluos, desejosos de tua voz.
Cada ação tem sede de algo distinto,
a vitória atlética sobremodo ama o canto,
o mais destro camarada de coroas e excelências:
dá abundância a partir da minha habilidade.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Píndaro, 'Olímpica 1', início

Ode para Hiêron; compare o início dela com o início de Baquílides 5, onde tudo imediatamente gira em torno de Hiêron:

O melhor é a água, e o ouro, chamejante fogo,
destaca-se à noite, supremo na riqueza senhoril;
se por disputas entoar
anseias, caro coração, não mais procures, que o sol,
outra coisa diurna mais quente, radiante astro no céu vazio,
nem digamos haver competição mais forte que em Olímpia.
De lá o mui falado tema de canto coroa
os engenhos de sábios para proclamarem
o filho de Crono, após chegarem ao rico,
o abençoado fogo-lar de Hiêron...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Anacreonte de novo

388

Antes com velho gorro, touca apertada,
dados de madeira nas orelhas e em torno das costelas
um [couro] pelado de boi,
a capa não lavada de um escudo ruim, com padeiras,
putas circulando o miserável Artêmon,
descobrindo uma vida fraudulenta,
amiúde pôs o pescoço no tronco, amiúde, na roda,
amiúde açoitado nas costas por látego de couro, a cabeleira
e barba arrancadas.
Mas agora vai de liteira usando brincos dourados,
o filho de Cuce, e usa um guarda-sol de marfim
como as mulheres...

395

Grisalhas já estão minhas
têmporas e a cabeça, branca,
e juventude graciosa não mais
presente, os dentes, velhos,
e da doce vida não mais
muito tempo me resta.
Por isso soluço,
amiúde temendo o Tártaro,
pois do Hades é assombroso
o recesso, e, até ele, cruel
a descida: de fato, é certo
que quem desce não sobe.

396

Traze água, traze vinho, ó menino, traze-nos coroas
de flores; traze para que eu boxeie com Eros

398

Os dados de Eros são
loucuras e tumultos.

400

De novo junto a Pitomandro
me escondi, fugindo de Eros

402c

Por causa dos discursos os meninos deveriam amar-me:
coisas graciosas eu canto, e graciosas sei dizer.
 
407

Vamos, brinda-me,
querido, com tuas coxas macias.

413

Com grande, Eros de novo me golpeou como um ferreiro,
com machado, e banhou-me em torrente invernal.

417

Potra trácia, por que de mim,
de soslaio com os olhos mirando,
impiedosamente foges e crês
que não conheço a técnica?
Sabe que belamente em ti
eu a brida poria,
e, tendo as rédeas, te faria rodar
em torno da meta da corrida.
Mas agora pastas os prados
e brincas saltitando levemente:
um destro domador
não tens para te montar.

424

E o tálamo no qual esse aí não desposou mas foi desposado

Anacreonte

347

e da cabeleira, ela que teu luxuriante
pescoço sombreava;
Agora tu estás tosquiado,
e ela caiu em esquálidas
mãos, exuberante, sobre a negra
poeira jorrou,
miseravelmente com o corte do ferro
tendo-se batido. Já eu, angústias
me torturam: o que alguém fará,
se nem pela Trácia se conseguiu?
Ouço que se lamenta
a mulher famosa
e que amiúde diz isso,
responsabilizando sua sorte:
"Como eu ficaria bem, mãe,
se levando a mim, no implacável
mar lançasses, tempestuoso,
com ondas púrpuras
[...]

348

Suplico-te, flecheira de corças,
loura filha de Zeus, senhora
das feras agrestes, Ártemis:
Suponho que agora junto aos redemunhos
do Letaios olhas para a cidade
de homens coração-destemido
e te comprazes: não são selvagens
os cidadãos que apascentas.

356

a) Eia, traze pra nós, menino,
uma cratera, para, de um só gole,
eu beber, e verte dez medidas
de água e cinco de vinho,
para, com decoro,
eu ser de novo bacante.

b) Eia, nunca de novo assim,
com estrondo e gritaria,
o modo cita de beber o vinho
pratiquemos, mas com belos
cantos, moderamente bebendo.

357

Ó senhor, com o qual Eros subjugador,
Ninfas de olhos escuros
e Afrodite púrpura
brincam em conjunto, percorres
os elevados picos das montanhas,
suplico-te: tu, benevolente,
venha até nós e minha
prece graciosa escuta.
De Cleobulo torna-te um bom
conselheiro: que ele meu amor
receba, Dioniso.

358

De novo a mim com bola púrpura
alvejando, o cabeleira-dourada Eros
com menina sandália-variegada
desafia-me a brincar.
E ela – com efeito, é da bem feita
Lesbos –, a minha cabeleira,
branca, de fato, critica,
e abre a boca para outra.

359

Cleóbulo eu amo,
por Cleóbulo estou louco,
Cleóbulo fico encarando.

360

Ó menino com olhar de uma virgem,
procuro-te, e tu não percebes,
não sabendo que da minha
alma és o auriga.

373

De café da manhã, parti um bocado de fino bolo,
bebendo uma jarra de vinho; agora, em luxo, desejável
harpa dedilho, festeando ao lado da querida †menina delicada†

378

Vôo rumo ao Olimpo com leves asas
por causa de Eros: comigo não quer compartilhar a juventude

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Simônides 542 PMG

A tradução de Simônides 542 PMG que deixei no xérox segue a reconstiuição canônica, aquela, por ex., de Hutchinson 2001.
A tradução abaixo, porém, segue a reconstituição de Beresford:
BERESFORD, Adam (2008) "Nobody's perfect: a new text and interpretation of Simonides PMG 542". CP 103: 237-56

Esse novo texto foi o adotado por Denyer no seu recente comentário ao Protágoras platônico (2008).
Não pude checar a edição de Poltera de 2008.

Para um homem, tornar-se verdadeiramente valoroso
é difícil – nas mãos, nos pés e no espírito,
feito um quadrado, construído sem mácula.
Somente um deus teria esse privilégio. A um homem
não é possível ser não vil
quando o destrói irremediável desgraça.
Todo homem, se está bem, é valoroso,
vil, se está mal[, e aqueles
que os deuses amam
mais são os melhores.]

Mas para mim não com justeza o dito de Pítaco
soa, embora por um sábio varão fa-
lado: disse que é difícil ser valoroso.
[Para mim é suficiente] ele não ser mau de todo
e conhecedor da justiça lucrativa para a cidade,
um homem saudável. A ele eu não
criticarei, pois dos estúpidos
a linhagem é infinita.
Todas as coisas são belas
às quais nada de feio está misturado.

Por isso eu nunca, buscando o que não
se torna possível, rumo à vã esperança
ineficaz, lanço porção de vida,
um homem de todo irreprochável entre tantos quantos
tomamos o fruto da terra espaçosa.
Mas após achar, vos anunciarei.
Eu louvo e amo todo
que, de bom grado, faz nada
de feio; a necessidade
nem os deuses combatem.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Não haverá aula hoje, 18 de maio

Por razões de doença, não darei aula hoje. A matéria prevista para hoje será dada na próxima aula, de forma condensada, em conjunto com aquela prevista para o dia 25.
Peço desculpas por não ter avisado antes.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Estesícoro fr. 222 Davies: uma cena em Tebas

Jocasta (?) reagindo a uma previsão de Tirésias e dirigindo-se aos filhos, Polinices e Etéocles:

(...)
Em adição às dores, não produzas aflições duras
nem a mim, para o futuro,
anuncies expectativas pesadas.

Não para sempre, algo contínuo,
fixam os deuses imortais na terra sagrada
rixa permanente para os mortais,
nem, por certo, amor. Para um dia o espírito dos homens
os deuses fixam.
Que tuas previsões o senhor Apolo age-de-longe
não realize todas.

Se que veja meus filhos subjugados um pelo outro
está destinado, e as Moiras fiaram,
de pronto para mim a realização, a morte odiosa, ocorra
antes de um dia ver estas coisas,
†às dores,† [ações] plenas de gemidos e lágrimas,
os filhos no palácio
mortos ou a cidade conquistada.

Vamos, aos meus discursos, filhos car[os, atendei,
como para vós eu a realização anunc[io:
um, tendo a casa, habite [a urbe gloriosa de Cadmo,
e o outro parta, com gado
e ouro, todo aquele do caro [pai,
quem quer que, tirando a sorte,
for o primeiro devido às Moiras.

Isso, eu penso,
poderia ser vossa salvaguarda da desdita
de acordo com o aviso do divino adivinho,
se o Cronida [protegeria] a nova geração e a cidade
do senhor Cadmo,
postergando longamente o mal [que em torno de Tebas
foi determinado oco[rr]er."

Assim falou a divina mulher, expondo com discursos suaves,
no palácio [cess]ando a rixa dos filhos,
com ela Tirésias dos-[presságios], e eles [atenderam
(...)

Nesta minha tradução, só traduzi o trecho menos danificado do fragmento, incorporando vários suplementos defendidos por Bremer em J. M. BREMER (1987) "F Stesichorus: The Lille papyrus". In: BREMER, J. M.; ERP TAALMAN KIP, A. Maria; SLINGS, S. R. (org.) Some recently found Greek poems: Text and commentary. Leiden

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alceu e o vinho: fr. 346 Voigt

Bebamos. Esperar as lâmpadas, por quê?
É breve o dia. Traze-nos, amor,
as grandes taças multicores. Quando o filho
de Zeus e Sêmele nos deu o vinho,
fê-lo para esquecermos nossas penas.
Põe duas partes de água, uma de vinho:
Encham-se as taças até a beira,
e sem demora siga-se uma taça a outra.

Tradução de Ramos (1964), Poesia grega e latina, apud G. Ragusa, Lira, mito e erotismo, p. 90.

Safo 16 Voigt

Alguns homens, tropa de cavaleiros, outros, de combatentes a pé,
outros, de navios, dizem, sobre a negra terra,
ser o mais belo, mas eu, aquilo que
alguém deseja.

É fácil de todo tornar compreensível
isto para cada um: ela, em muito ultrapassando
em beleza os homens, Helena, o marido,
maximamente ex]celso,

abandonou e foi para Tróia navegando,
e nem do filho nem dos pais queridos
absolutamente se lembrou, mas seduziu-a
...

... pois...
levemente...
e lembrou-me de Anactória,
que não está presente.

Preferiria, dela, o desejável caminhar
e a brilhante faísca de sua face ver
a os carros lídios e, com armas,
... combatentes.

Para alguns intérpretes, é bem possível que o poema tivesse terminado no verso 20. Mesmo que não tenha sido esse o caso (como defende Bierl, infra), os 12 versos seguintes que foram transmitidos pelo papiro estão quase que totalmente ilegíveis.
A melhor análise que conheço do poema é:

BIERL, Anton (2009) " ‘Ich aber (sage), das Schönste ist, was einer liebt!’ Eine pragmatische Deutung von Sappho Fr. 16 LP/V". Versão on-line http://chs.harvard.edu/wa/pageR?tn=ArticleWrapper&bdc=12&mn=1166; 1a publicação em QUCC 74.2, 2003 [apresentação de algumas interpretações e interpretação seguindo a sequência do poema]

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tirania: Elke Stein-Höhlkeskamp (Companion Archaic Greece)

Rápida passada de olhos pelos comentários derrogatórios dos sécs. 5-4, sobretudo Platão e Aristóteles. Em seguida, estudos de caso:

Corinto: rica e economicamente muito ativa no séc. 8. Cipselo assumiu o poder em 660, derrubando a família dos Baquíades (que tinha se mostrado incompetente militar e diplomaticamente), aristocratas que dominavam as melhores terras. A queda da família parece ter sido ocasionada por um golpe de parte da elite que não tinha espaço de atuação devido aos Baquíades, cujas terras não devem ter sido distribuídas ao povo após o golpe, mas divididas entre os nobres vitoriosos.
Manufatura e comércio floresceram sob Cipselo. Riquíssimas oferendas em Delfos e Olímpia indicam o desejo do tirano de demonstrar seu poder em centros panhelênicos, indicando ser importante ao tirano "apresentar-se, através de um comportamento adequado ao seu status, como um membro aceito de uma comunidade de culto que transcendia poleis individuais" (p. 103).
Governou por 30 anos e foi sucedido pelo filho Periandro, o protótipo do tirano maligno e cruel. Curiosamente, às vezes encontrava-se em listas dos 7 sábios. Problemas de fontes dificultam dizer algo com mais precisão. Participação regular nos festivais em Olímpia; árbitro de conflito entre Atena e Mitilene. Leis para restringir a suntuosidade na autoapresentação da elite. Grandes obras. Após 3 anos, seu sucessor foi eliminado por um golpe aristocrático.

Síkyon: tirania de Ortágoras (de família não aristocrática?) a partir de 650. Fontes variam na avaliação dos tiranos.
Clístenes distinguiu-se como general. Conflito militar com Argos para cortar os laços com a cidade. Entre as medidas, proibição de récitas homéricas, pois glorificam heróis de Argos; abolição de coros em honra de Adrasto, herói argivo, que, como fundador de Síkyon, era cultuado na cidade; Melânipo, herói tebano, passou a ser cultuado em seu lugar. Seus ossos foram transferidos de Tebas, o que "representou uma notável interferência na memória coletiva dos sikyônios e uma alteração substancial na topografia sacra e monumental da cidade" (p. 105).
Reforma tribal: pairam dúvidas sobre ela. Medida fundamentalmente militar ou socio-política? Provavelmente, uma das intenções era diminuir conflitos internos. Participação nos grandes festivais panhelênicos, onde os aristocratas podiam encontrar seus pares, exibir sua riqueza e excelência e alcançar reconhecimento público em um foro mais amplo. Casamento de sua filha (Heródoto livro 6), uma história que mostra que os tiranos, no período arcaico, estavam intimamente ligados à aristocracia.

Megara: Tirania de Teágenes contemporânea àquelas em Sikyon e Corinto. Provavelmente da elite aristocrática. Aristóteles o caracteriza com um líder que usa o ódio contra os ricos para conquistar a massa.

Samos: estabelecida em 538 por Polícrates; durou até 522. Da oligarquia aristocrática. Conta-se que tomou o poder durante o festival de Hera. Possível que a maioria da população tenha ficado satisfeita com o fim do poder do grupo oligárquico dos Geomoroi. Medidas para diminuir o poder desses aristocratas. Demolição das palaistrai (jovens). P. passa a monopolizar todas as oportunidades para conquistar glória, riqueza e poder. Controle de rotas no Mediterrâneo oriental (thalassokratia). Extenso programa construções públicas numa cidade que já era rica. Aqueduto sob a acrópole; templo de Hera (ainda era considerado o maior templo grego já construído no sec. V: 55 x 112 m). Projetos para ganhar a solidariedade dos cidadãos (p. 110). Numerosas campanhas militares e emprendimentos aventureiros. Construiu uma esplêndida casa para si. "Nas práticas culturais e na autoapresentação, o tirano basicamente operava nos padrões tradicionais da sociedade aristocrática." Muitos cidadãos emigraram (Pitágoras), boa parte deles para a Itália, onde fundaram uma colônia no golfo de Nápoles. Enganado por um persa, foi morto na Magnésia.

Características comuns e padrões gerais
Tiranias ilustram a profunda polaridade entre o individual aristocrático e a comunidade da polis. Via de regra, representado como resultante da hybris dos aristocratas. Temos poucos dados para confirmar essa visão. Outro fator é a competição entre aristocratas e a pressão sobre o demos, levando muitas vezes à paralisação de instituições ainda sendo consolidadas. Poucas vezes o povo se envolveu com o processo. De fato, não deveria fazer diferença para ele um governo de um ou de muitos aristocratas. Nenhum dos tiranos acima colocou em ação uma reforma para beneficiar o povo. Apenas os aristocratas inimigos eram escanteados; a hierarquia social continuou. Também não reorganizaram as instituições da cidade. Todas as ações dos tiranos tinham o mesmo objetivo: consolidar o próprio poder na sua polis. Tirania não pode ser interpretada como uma alternativa à aristocracia. Quando as instituições da cidade se consolidaram, sobretudo a assembleia e o conselho, a tirania tornou-se obsoleta.

domingo, 1 de maio de 2011

Álcman: outro fragmento de um partênio (fr. 3 Davies; 26 Calame)

Musas O]límpicas, no meu peito
]canto
]escutar
]da voz,
]delas que hineiam belo canto                                 5
...
sono]doce dispersará das pálpebras
]e me conduz para ir à assembleia
onde sobre]modo a cabel[eira] loura brandirei;
]delicados pés                                                         10

...
[50 versos, provavelmente com conteúdo mítico]
...

com desejo solta-membros, de forma mais dissolvente
que o sono e a morte encara;                                 62
e não imoralmente ela é doce.

E Astumeloisa não me responde,
]segurando a guirlanda[                                         65
como] algum astro alado[
através do céu brilhante
ou broto dourado ou suave plu[ma
................................................
]atravessou com pés esguios                                    70
]graça úmida de Cinira
sobre a] cabeleira das jovens se põe:

A]stumeloisa através da multidão
]interesse caro ao povo
]após ela tomar                                                        75
]falo:
]de prata
]
]poderia ver se talvez [....] me amasse.
Mais per]to [vin]do, poderia pegar minha mão suave,  80
que logo [eu su]plicante sua me tornaria;

E agora [ ] menina com [ ]juízo
para as meninas[ ] ela que a mim tendo
]menina
]graça                                                                       85
...