A ‘Nemeica 9’ (que, aliás, não comemora uma vitória nos jogos neméicos!) celebra a vitória de Crômio, de Etna, na corrida de carros nos jogos píticos de Síkyon.
Evelyne Krummen (1990: 229) nota que, no poema, ‘kômos’ (celebração ou procissão comemorativa), anúncio da vitória e hospitalidade estão ligadas desde o início. Trata-se do tema da chegada, comum em um epinício.
Marchemos em celebração (kômasomen), Musas, desde Apolo em Síkyon
até Etna recém-fundada, onde, escancaradas
as portas estão cheias de hóspedes,
em direção à afortunada casa
de Crômio. Mas produzi um doce hino de palavras.
A marcha obviamente é impossível, pois eles já estão em Etna. Mais adiante, no final do poema, em arco com o seu início, nova referência ao contexto de performance:
A tranquilidade estima
o simpósio; recém-florida, cresce
a ocasião da vitória com o canto macio.
Junto à cratera, corajoso torna-se o som.
Alguém o misture, doce anunciador da celebração (‘kômos’),
e nos vasos de prata distribua o violento
filho da videira, os que um dia as éguas ganharam para Crômio
e levaram junto com as correto tecidas
coroas do filho de Leto
desde a sacra Síkyon. Zeus pai,
rezo para bradar esta excelência
com as Graças e, melhor que os muitos, honrar com louvores
a vitória, atirando mui próximo do alvo das Musas.
Nesse trecho (seguindo Krummen p. 228-29) coroas (símbolo da vitória conquistada em Síkyon), vinho e tranquilidade pertencem ao simpósio (da vitória). Aqui, a menção da ‘celebração’ (‘kômos’) tem a função especial de ligar musicalmente o local da vitória (Síkyon) e o lugar onde a celebração ocorre, a cidade do vitorioso (Etna), uma passagem (uma espécie de retorno) também tematizada no início do poema.
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