[Excelente
e agradável texto pelo grande especialista no assunto.]
O
“symposion” (=S), junto com o ginásio e o circuito de jogos em festivais
internacionais, foi o foco da aristocracia na Grécia arcaica. Depois do
trabalho seminal de J. Burckhardt, só no final dos anos 60, o S começou a ser
mais estudado para se entender a relação entre os costumes ligados a um modo de
beber e certos gêneros líricos. Igualmente importante foi o estudo iconográfico
de vasos cujo uso principal, altamente sofisticado (humor, piadas visuais,
trocadilhos), se dava no ambiente do S; aliás, poesia e arte visual precisam
ser estudadas em conjunto, pois faziam parte de um todo no ambiente do S. Por
fim, os arqueólogos identificaram um aposento especial para essas festas
masculinas, o “andron”.
As funções
da poesia grega envolviam instrução e divertimento. A elegia arcaica era o foco
principal para discursos descritivos, normativos e exortativos (*militar).
Agendas políticas diversas em Sólon, Teógnis e Alceu. De forma geral, a lírica
coral está associada a festivais religiosos, a monódica, ao S.
Os vasos
eram os seguintes: cratera (misturar vinho e água; dois tamanhos básicos: 7 e
14 litros); ânfora e hydra (continham a bebida); jarros diversos para servir;
taças em diversas formas para beber. Algumas taças, muito grandes para beber,
devem ter sido penduradas como decoração.
O “andron”
variava de tamanho dependendo do número de sofás (7-11-15). Próximo da rua e
longe dos aposentos das mulheres.
Regras
básicas: reclinavam-se apoiados no cotovelo esquerdo, nunca mais de 2 por sofá
(“kline”), olhando da esquerda para a direita ao longo das paredes. Um
simposiarca ou basileus dirigia as atividades do S., sobretudo a medida da
combinação água-vinho e o tipo de entretenimento. Mulheres respeitáveis nunca
estavam presentes. Total separação entre a refeição (deipnon) e a ocasião de beber.
Origem: em Homero, há um tipo de banquete que parece
exclusivo da aristocracia, dos líderes, ou seja, distinto da refeição ligada a
práticas sacrifíciais. O S é uma continuação, mas com influência de práticas
luxuosas orientais.
Rituais de consumo: o modo mais comum de diluição devia
deixar o teor alcoólico semelhante àquele da cerveja; a qualidade da bebida não
era alta. Vinho não diluído era deixado para deuses e heróis, considerado algo
bárbaro (Filipe e Alexandre da Macedônia tomavam-no puro). Embora uma
finalidade do S fosse autocontrole, há muitas histórias e representações de
descontrole nos vasos. O mobiliário era a expressão máxima de luxo (almofadas;
sofás ricamente adornados). “A arte mesma da conversação, especialmente sobre
temas literários e filosóficos, encontra seu habitat e sua mais alta expressão no symposion” (p. 517).
Diversões: as composições poéticas no início do período
arcaico eram feitas por membros integrais do S.; profissionalismo começa a
aparecer a partir de 550, quando os poetas parecem usar a sua arte para
participar das reuniões da elite em localidades distintas. Jogos que exigiam
determinadas habilidades; danças executadas por profissionais; o penetra, que
deveria, como uma espécie de bobo, entreter os hóspedes.
A intimidade entre os simposiastas levava à uma união fora
dos ditames da polis e dos laços familiares.
Escravas participam como musicistas, dançarinas ou, mais
comumente, como hetairas, cortesãs, não prostitutas (já se disse que o único
esporte coletivo grego é o sexo), com frequência altamente treinadas. Práticas
homoeróticas são comuns, especialmente aquelas envolvendo aspectos paidêuticos
entre o erastês e o eromenos, ambos nobres, mas também mais ligeiras, para as
quais o hóspede usava um menino escravo, que realizava suas funções no S nu.
Não é por acaso, portanto, que as descrições literárias do S (o Banquete de Platão, por ex.) enfatizam o
sexo e o desejo.
Komos: era uma
espécie de procissão ritual de alcoolizados pela cidade, um modo do S
ultrapassar as fronteiras do privado. Envolvia violência ritualizada contra
passantes inocentes. O mais famoso episódio individual foi a mutilação de Hermai em Atenas em 415.
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