[o resumo abaixo é baseado em WOODWARD, Roger D. (2007) "Hesiod and Greek myth" In: WOODWARD, Roger D. (org.) The Cambridge companion to Greek mythology. Cambridge: Cambridge University Press]
O mito hurro-hitita da soberania no céu
Lido em tábuas de barro. As tábuas são hititas, mas os mitos, hurros (povo não indo-eur.), com presença de divindades mesopotâmicas. Trata-se de várias canções. Abaixo, duas delas:
Canção de Kummarbi: Alalu é rei do céu. Depois de nove anos, é deposto por Anu, seu copeiro; foge para a ‘terra negra’. Mais 9 anos, e aquele também é deposto por seu copeiro, Kumarbi, filho de Alalu. Anu foge para o céu, mas é pego por Kumarbi, que morde os genitais de Anu. Tendo engolido seu sêmen, Kumarbi é impregnado com muitos dos descendentes de Anu (Tessub e outros). Esses filhos então ‘nascem’. Durante o parto, Kumarbi chama Ea (deus mesopotâmio da sabedoria) pedindo para comer seu filho (Tessub, deus da tempestade). Texto fragmentário, mas uma pedra também tem um papel. Final fragmentário, provavelmente narrando a ascensão de Tessub.
Canção de Ullikummi: quando começa, Kummarbi está armando um plano contra Tessub. O usurpador é gerado através da cópula de Kummarbi com uma rocha enorme. Nasce um filho de pedra, chamado Ullikummi, que, ao nascer, é levado para os ínferos ("Terra Negra") por um grupo de deuses arregimentados pelo pai. Lá ele é fixado ao ombro direito do gigante Ubelluri, que carrega terra e céu. Cresce rápido e se torna um gigante de proporções cósmicas. Tessub e os outros deuses tentam em vão se livrar do gigante. Isso começa a mudar quando, auxiliado por Ea, Ullikummi é cortado fora do ombro de Ubelluri. O final da canção foi perdido, mas provavelmente narrava a vitória final de Tessub.
Duas famílias se sucedem nessas histórias Alalu-[Anu]-Kumarbi-[Tessub]. De forma geral, divindades celestiais contra ínferas.
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