Ó senhor, filho de Leto, rebento de Zeus, de ti nunca
esquecerei ao iniciar e concluir,
mas sempre por primeiro, por último e no meio
cantarei: e tu, ouve-me e dê coisas boas.
Senhor Febo, quando a ti gerou a deusa, senhora Leto,
após tocar com esbeltas mãos a tamareira,
o mais belo dos imortais, no lago em forma de roda,
toda a Delos, imensa, encheu-se
do odor de ambrosia, a enorme Terra sorriu
e jubilou o profundo oceano acinzentado.
Ártemis mata-fera, filha de Zeus, a quem Agamêmnon
colocou quando rumo a Troia navegou com naus velozes,
ouça a mim, que rezo, e afasta as mortes vis:
para ti, deusa, isto é pequeno, para mim, grande.
Musas e Graças, filhas de Zeus, que um dia às bodas
de Cadmo foram e cantaram belo verso,
‘o que é belo, é caro; o que não é belo, não é caro’,
esse verso veio de bocas imortais.
Cirno, ao exercer minha habilidade, seja sobreposto um selo
a esses versos, e nunca serão roubados sem se perceber,
ninguém aceitará um inferior em troca de um genuíno à mão,
e assim cada um dirá: ‘De Teógnis são os versos,
do megarense: tem nome entre todos os homens.’
Mas ainda não sou capaz de agradar a todos os cidadãos;
isso não é espantoso, Polypaida: nem Zeus
agrada a todos ao fazer cair a chuva ou contê-la.
Eu, benevolente, te aconselharei, tal como eu mesmo,
Cirno, ainda criança, dos valorosos aprendi.
Sê sensato, e nem com ações vergonhosas nem com injustas
angarie honras, sucessos ou riqueza.
Disso assim sabe; não te associes a vis
varões, mas sempre te prende aos valorosos.
Bebe com eles e coma, e com eles
senta, e agrada aqueles de quem o poder é grande.
Pois de nobres aprenderás coisas nobres; se a vis
te juntares, arruinarás a mente que tens.
Aprende isso e a valorosos te associa, e um dia diras
que aconselho bem meus amigos.
Cirno, esta cidade está grávida, e temo que dê a luz a um varão
endireitador da nossa vil desmedida.
Esses cidadãos ainda são prudentes, mas os líderes
se voltaram a uma grande queda rumo à vileza.
Nunca a uma cidade, Cirno, bons varões destruíram,
mas quando apraz aos vis serem desmedidos,
aniquilam o povo e conferem sentenças aos criminosos
por conta de lucros privados e poder,
não espere que essa cidade muito tempo fique estável,
mesmo que agora jaza em muita tranquilidade,
quando estas coisas são caras a varões vis,
lucros que vem com vileza pública.
Pois disso origina-se discórdia, mortes intestinas de varões
e monarcas: que nunca isso agrade a essa cidade.
Cirno, esta cidade ainda é cidade, mas outro, o povo,
eles que antes nem costumes nem leis conheciam,
mas em torno das costelas couro de cabras usavam
e como cervos fora da cidade moravam.
Agora são valorosos, Polypaida; quem antes era distinto,
agora é reles. Quem suportaria ver isso?
Enganam-se mutuamente e riem uns dos outros,
não conhecendo as marcas dos vis nem dos valorosos.
Desses cidadãos, Polypaida, não tornes nenhum teu amigo
do peito por conta de alguma necessidade.
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