sábado, 9 de abril de 2011

Teógnis 19-28 e 29-38

Embora Richard Rawles, na sua resenha no JHS do livro do Faraone de 2008, alerte que o caráter compósito do corpus de Teógnis torne problemática a tentativa de nele circunscrever stanzas elegíacas, a interpretação de que 19-28 e 29-38 componham duas stanzas compostas em correlação faz muito sentido: a primeira tem caráter descritivo e meditativo, a segunda, exortativo. Mais que isso, a segunda compõe os conselhos que o eu lírico recebeu quando menino, mencionados no último dístico da primeira stanza, e agora está repassando para seu menino, Cirno:

Cirno, ao exercer minha habilidade, seja sobreposto um selo
a esses versos, e nunca serão roubados sem se perceber,
ninguém aceitará um inferior em troca de um genuíno à mão,
e assim cada um dirá: ‘De Teógnis são os versos,
do megarense: tem nome entre todos os homens.’
Mas ainda não sou capaz de agradar a todos os cidadãos;
isso não é espantoso, Polypaida: nem Zeus
agrada a todos ao fazer cair a chuva ou contê-la.
Eu, benevolente, te aconselharei, tal como eu mesmo,
Cirno, ainda menino, dos valorosos aprendi.

Sê sensato, e nem com ações vergonhosas nem com injustas
angarie honras, sucessos ou riqueza.
Disso assim sabe; não te associes a vis
varões, mas sempre te prende aos valorosos.
Bebe com eles e coma, e com eles
senta, e agrada aqueles de quem o poder é grande.
Pois de nobres aprenderás coisas nobres; se a vis
te juntares, arruinarás a mente que tens.
Aprende isso e a valorosos te associa, e um dia dirás
que oriento bem meus amigos.

Um comentário:

  1. OI, CHRISTIAN
    depois da visita de vocês, voltei ao teu BLOG , mas leiga que sou, na cultura grega, tomei a liberdade de copiar a última estrofe de teu POST.....
    Considero-o bastante didático, tipo assim:
    uma aula de GREGO virtual...
    grande abraço....

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