terça-feira, 24 de maio de 2011

Anacreonte de novo

388

Antes com velho gorro, touca apertada,
dados de madeira nas orelhas e em torno das costelas
um [couro] pelado de boi,
a capa não lavada de um escudo ruim, com padeiras,
putas circulando o miserável Artêmon,
descobrindo uma vida fraudulenta,
amiúde pôs o pescoço no tronco, amiúde, na roda,
amiúde açoitado nas costas por látego de couro, a cabeleira
e barba arrancadas.
Mas agora vai de liteira usando brincos dourados,
o filho de Cuce, e usa um guarda-sol de marfim
como as mulheres...

395

Grisalhas já estão minhas
têmporas e a cabeça, branca,
e juventude graciosa não mais
presente, os dentes, velhos,
e da doce vida não mais
muito tempo me resta.
Por isso soluço,
amiúde temendo o Tártaro,
pois do Hades é assombroso
o recesso, e, até ele, cruel
a descida: de fato, é certo
que quem desce não sobe.

396

Traze água, traze vinho, ó menino, traze-nos coroas
de flores; traze para que eu boxeie com Eros

398

Os dados de Eros são
loucuras e tumultos.

400

De novo junto a Pitomandro
me escondi, fugindo de Eros

402c

Por causa dos discursos os meninos deveriam amar-me:
coisas graciosas eu canto, e graciosas sei dizer.
 
407

Vamos, brinda-me,
querido, com tuas coxas macias.

413

Com grande, Eros de novo me golpeou como um ferreiro,
com machado, e banhou-me em torrente invernal.

417

Potra trácia, por que de mim,
de soslaio com os olhos mirando,
impiedosamente foges e crês
que não conheço a técnica?
Sabe que belamente em ti
eu a brida poria,
e, tendo as rédeas, te faria rodar
em torno da meta da corrida.
Mas agora pastas os prados
e brincas saltitando levemente:
um destro domador
não tens para te montar.

424

E o tálamo no qual esse aí não desposou mas foi desposado

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