quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Homero: entrando no clima

Dois excelentes livros que abrem o texto homérico com um etnografia de diferentes literaturas orais sem deslocar o texto em si para a periferia são:

Ruth SCODEL (2002) Listening to Homer

John M. FOLEY (2002) How to read an oral poem.

É bem verdade que no livro do Foley Homero não ocupa a posição central. Assim, para o estudante de Homero que estiver com menos tempo, o livro do Foley (um autor certamente indispensável) de 1999 talvez seja mais apropriado para um primeiro (Homer's traditional Art).

Nenhum desses livros é exatamente um manual introdutório, mas nenhum deles exige um grande conhecimento da bibliografia homérica, embora o livro da Scodel renda mais para aqueles que já conhecem essa bibliografia minimamente.

Foley, um dos legítimos herdeiros dos oralistas da primeira geração americana, começou a produzir nos anos 1980 e no início da década seguinte já tinha publicado as principais categorias que definem sua metodologia. Assim, os livros de 1999 e 2002 são o coroamento de um percurso.

Quanto à Scodel, o que ela se propõe é examinar criticamente uma série de pressupostos adotados por trabalhos de oralistas nas décadas de 80 e 90, especialmente aqueles centrados na performance e, consequentemente, no público (como foi o caso de Foley, mas também de Gregory Nagy, Egbert Bakker e Richard Martin). Desse modo, um dos efeitos desse livro, que felizmente não recai num esteticismo de cepa aristotélica (como Jasper Griffin nos anos 1980 ou agora a alemã Gyburg Radke Ullmann) é nos obrigar a repensar uma série de categorias que vinham sendo adotadas tacita e acriticamente.

Tanto Scodel quanto Foley publicaram versões condensadas de (parte de) seu trabalho alhures, por exemplo, nos companion da Brill (Foley), de Cambridge (Scodel) e da Blackwell (Foley).

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