domingo, 6 de março de 2011

Catherine Morgan: O início da Idade do Ferro (=iIF) [CAG]

Período entre 1200 e 700.

Após os palácios
Fase pós-palaciana (Heládico tardio IIIC) da vida urbana micênica tardia. Presença de uma elite super rica, cujos funerais os apresentam como líderes guerreiros. No iIF, há uma diluição do poder com a proliferação de basileis locais, cuja autoridade, porém, não nos é clara. "Geralmente, não sabemos se o status era herdado ou conquistado por meios econômicos, militares ou outros em um sistema de ‘grande homem’."

Sepultamento e sociedade
Mudanças nos hábitos: popularização do sepultamento individual e adoção da cremação em detrimento da inumação. Cremação permitia exibição e celebração prolongada junto ao túmulo, chamando a atenção para o morto e sua família.

Histórias de povoamento
Não se acredita mais que tenha havida uma enorme diminuição da população e que só a partir do séc. 8 começaram a se formar polis como unidades maiores.
Riqueza de Lefkandi atingiu um pico em 950, atestado por duas sepulturas monumentais (Toumba). Sugestões heroicizantes, homéricas.

Mobilidade, migração, comércio
Até pouco tempo, a interpretação de certos mitos serviu de base para enfatizar-se a migração como típica do período (sobretudo, a invasão dórica). Houve mudanças de nível de população em algumas áreas, mas foram em menor número, menos dramáticas e não típicas do período como se imaginou.
Os "demiourgoi" homéricos, viajantes, são difíceis de achar nos vestígios arqueológicos; mais comuns são as oficinas fixas. É certo, porém, que especialistas itinerantes operaram na Grécia no período.
Comércio diverge em escala e talvez em natureza da Idade de Bronze, mas a Grécia certamente não estava isolada. Havia trocas de presentes entre as elites; os comerciantes itinerários, porém, são mais difíceis de identificar. Ânforas para transporte de mercadorias.

Subsistência
Em boa parte da Grécia, provavelmente o mundo descrito por Hesíodo em Trabalhos. Aspectos seculares e sagrados das atividades econômicas estavam entrelaçados.

Santuários
Antes de 750, sítios ao ar livre, sem construções, na Grécia central e sul, o que não implica atividades temporalmente e espacialmente desorganizadas. As oferendas estavam presentes, em número crescente; grande diferença entre as dádivas de pobres e ricos. Imagens antropomórficas em grande escala só reaparecem no séc. 8.

Metalurgia, culto, armamentos
Aquisição da tecnologia de aproveitamento do ferro no Egeu através de Chipre, no séc. 11, após a queda do império hitita, que guardara o segredo. Usos principais: armas e oferendas votivas. Ferro é um metal mais complicado de trabalhar que o bronze e demanda mais tempo. Dificilmente era barato.
Durante a maior parte do período em questão, quase nenhuma armadura ou muito leve era exigida do guerreiro, somente um escudo leve, uma espada e um par de lanças ou arco e flecha. A partir do último quarto do séc. 8 a panóplia hoplítica começa lentamente a aparecer e a refinar-se (hoje em dia, praticamente não se fala mais de reforma hoplítica).

Expansão no séc. 8
Nesse momento, reconhece-se vários elementos típicos da IA: uma ampla cadeia de santuários e templos, cidades em expansão, escrita alfabética, povoamentos além mar. A época é amiúde vista como uma "renascença grega", termo que não é muito preciso. Uma elemento que tem modificado esse quadro é o exame do aumento populacional em centros rurais e urbanos.

Além mar grego
Povoamentos permanentes aumentaram dramaticamente com o início da colonização do oeste nas últimas décadas do séc. 8. O séc. 12 foi um período de intenso contato com a Itália, especialmente a Apúlia. Fundação de Pithekoussai por eubeus, o que consolidou o intercâmbio com uma rede bem estabelecida de fenícios, sardos e vários grupos italiotas. É nesse ambiente que os gregos devem ter aprendido a escrever sua língua usando uma versão adaptada do alfabeto fenício. Outros lugares para essa transferência ter ocorrido são Al Mina, Creta, Rodes, cidades continentais (Atenas) ou da Eubeia.
Ligações com o leste eram ainda mais ricas e complexas. Não se sabe se Al Mina tinha uma população grega sazonal ou permanente nem a partir de quando. Pouco provável que tenha sido fundada por gregos.

Vida na cidade
"Tanto no caso da expansão do povoamento envolver uma mudança escalar na intensidade quando na simples extensão através de uma área maior, o resultado foi uma necessidade sem precedentes de lidar com exigências de moradias próximas."
"Oráculos foram um meio importante de ganhar a aprovação para estratégias novas e litigiosas." Uso da escrita: publicação de leis; demarcação de propriedades; identificação de oferendas votivas.
Arquitetura pública e planejamento, especialmente das primeiras ágoras. Criação de novos santuários.

Elites no séc. 8
Na maior parte da Grécia, o gasto com funerais cresceu marcadamente a partir de 750. Não se acha muita evidência física para o espaço das famílias da elite no seio das comunidades em expansão. É na esfera religiosa que o poder era exercido.

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