A composição anelar é um recurso extensiva e intensivamente usado na poesia e prosa grega, e não somente no período arcaico. Trata-se de uma repetição temática ou vocabular em ordem inversa, ao longo de um certo número de versos, com um centro que funciona como ponto de inflexão. Essa ponto de inflexão pode manifestar-se não só no nível da forma, mas também de conteúdo. Abaixo, por exemplo, a inflexão marca o momento da viagem, da troca de região por parte dos feácios. A nova terra dos feácios funciona como um espelho da antiga na forma e no conteúdo.
Assim ele lá dormia, o muita-tenência, divino Odisseu, A
por sono e fadiga dominado; mas Atena B
foi até o povo, o demo dos varões feácios;
eles, antes, moravam em Terra-ao-Longe amplas-pistas, C
próximo aos Ciclopes, varões presunçosos, D (desprotegidos)
que os pilhavam, pois na força eram superiores.
De lá fê-los erguer-se Rápido-no-barco, parecido a um deus,
e assentou-os em Esquéria, longe dos homens come-grão;
em volta puxou um muro para a cidade, construiu casas, D’ (protegidos)
fez templos de deuses e dividiu as glebas.
Mas ele, já subjugado por sua sina, ao Hades partira, C'
e Alcínoo liderava, versado em projetos oriundos de deuses.
Para a casa dele foi a deusa, Atena olhos-de-coruja, B’
o retorno do enérgico Odisseu tramando. A’
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