O nome dessa "lei" deriva do nome do autor do artigo, de 1904, que a definiu: na poesia épica, o narrador tem a onisciência dada pela Musa, mas o mesmo não vale para suas personagens.
Essas, ao contrário dos deuses, ao se referirem a um evento, não podem saber se um deus está por trás dos acontecimentos nem de que deus se trata, a não ser que tenha sido informada por alguém que sabe (por ex., um adivinho) ou por um deus.
A personagem, porém, pode expressar que acredita tratar-se da intervenção de um deus; nesse caso, usa indistintamente e como sinônimos daimôn (divindade), theos (deus), theoi (deuses) e Zeus – ou então atribui a ação a um deus que por ela não foi responsável.
Uma exceção para essa regra são os casos em que há grande possibilidade de acerto por se tratar de um acontecimento que diz respeito a uma área de atuação específica de um deus: no canto 1 da Ilíada, Aquiles parece saber que Apolo é o responsável pela praga, não só pela ligação entre o deus e esse tipo de morte, mas também porque seu sacerdote foi desonrado. Nada disso, porém, é explicitado no texto.
Cf. Jim MARKS (2008) Zeus in the Odyssey. Hellenic Studies 31. Cambridge, Mass. – London: Center for Hellenic Studies, p. 41.
Nenhum comentário:
Postar um comentário